quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Dialogar é construir pontes

 
Li esta frase pela primeira vez numa sala da Paróquia de Humaitá, quando eu participava de um grupo de jovens, na década de 80. Na época, simplesmente achava a frase bonita, hoje,  percebo que ela revela atitudes que devemos tomar para construirmos o diálogo.
Somos imediatistas, pensamos logo na ponte pronta. Mas para que se tenha uma boa ponte, é preciso construir alicerces fortes, projetar a capacidade de suportar o  trânsito que por ela fluirá. Nas relações humanas, da mesma forma, o “trânsito” de informações cresce à medida que as pessoas permitem ou necessitam entrar na vida umas das outras. Podemos considerar alicerces do diálogo, entre outros, a honestidade, o desejo de ajudar, a capacidade de ouvir sem julgar e disposição para escutar o que pode desagradar.
Como uma ponte, o diálogo deve unir, deixando ir e vir; do contrário, deixa de ser ponte. A ponte não escolhe quando as pessoas podem passar por ela. Ela está a serviço e, de vez em quando, precisa de reparos. Da mesma forma acontece com as pessoas, em algumas situações, precisam gritar para serem ouvidas. E quando gritamos com quem está perto, é porque o coração está longe, ou seja, a ponte está trincada, interditada.
O pior é quando construímos muralhas em lugar de pontes. E como as construímos? Quando não queremos parar para ouvir ou simplesmente ignoramos a pessoa que quer falar conosco. Como qualquer construção, sempre há um lado pelo qual se começa, geralmente, pelo lado mais forte. Algumas vezes é preciso limpar as cabeceiras de onde se começa a construir a ponte, pois o diálogo nem sempre é espontâneo. É preciso limpar seus preconceitos, despir-se de padrões de conduta e caminhar em direção ao outro para ouvir e falar.
Bem, para que o trânsito possa fluir rapidamente, temos de ter pontes de qualidade. Não podemos arriscar o produto fazendo o meio de transporte passar por sobre uma construção frágil. Assim deve ser o relacionamento entre pais e filhos: bem estruturado. Sabemos que nem sempre isso é possível, porque o que sustenta essa via de informação não é a confiança, mas sim a cobrança. A conversa em casa é fundamental não só porque é comum, mas, sobretudo, porque no diálogo crescemos como pessoas,  somos respeitados e respeitamos.
Dialogar é uma virtude construída diariamente. Precisamos gastar tempo, primeiro nos aproximando das pessoas, descobrindo como gostam de ser tratadas, quais são os limites que elas impõem a determinados assuntos. Enfim, é fundamental respeitar as crenças, os valores e a idade, seja de crianças ou de idosos.
Comece a construir pontes em sua vida. Se até hoje seu diálogo foi sempre inseguro, se as pessoas têm medo de conversar com você ou você não se sente bem para falar com alguém, experimente construir alicerces. Comece do lugar certo.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Nuvens

É engraçado o quanto ficamos tristes em dias nos quais nuvens cinzas cobrem o céu. Parece que adotamos uma postura de sofrimento, de derrota, quando na verdade, sabemos que as nuvens nada mais fazem do que cumprir seu papel: deixar cair sobre a terra a água de que nós, as plantas e os animais tanto precisamos. O dia de hoje, cinzento como está, é só mais um dia nublado no qual o sol está escondido. Mas ele está lá. Amanheceu, ele nos aquece mais um dia, e embora não o vejamos, sua ação nos permite ter claridade, trabalhar, visualizar as pessoas e contemplar a beleza da vida.
Da mesma forma, há momentos em nossas vidas que Deus está escondido atrás das nuvens que estão sobre nossas cabeças. Mas ele está lá. Quando oramos e nada acontece, não significa que Deus está ausente ou está parado. Ele simplesmente está em silêncio, fazendo o que sempre faz, nos aquece com o seu amor e nos permite viver mais um dia, iluminados por seu Espírito, para que aprendamos a contemplar o belo que nos cerca e compreender que, mesmo nos dias cinzentos da vida, não podemos perder a esperança, porque um dia o sol voltará a brilhar, um dia nossa alegria será reconquistada e nossos problemas ficarão para trás.

domingo, 28 de novembro de 2010

O sentido da vida

Não é raro as pessoas se perguntarem sobre o sentido da vida. Talvez hoje a pergunta esteja mais em evidência porque os meios de comunicação trazem o tema para ser discutido em entrevistas e programas de reportagem ou auditório. Há também uma grande quantidade de livros de auto ajuda que são publicados tentando responder a essa questão.
As respostas podem ser diversas, mas creio que só se encontra o sentido da vida quando se pensa na sua brevidade. Enquanto não percebermos que a vida tem fim, raramente damos à ela uma finalidade. No centro da questão estão as perguntas:
a) Para que eu existo?
b) Que diferença eu faço para o mundo?
c) Se eu morrer, que diferença isso fará?
Enquanto o ser humano não tiver um encontro verdadeiro consigo mesmo, continuará procurando justificar suas mazelas e fraquezas nos acontecimentos negativos que provocou ou dos quais foi vítima. Para compreender o real sentido da existência é necessário mergulhar na essência, naquilo que nos faz humanos. Nossas dores e dificuldades só terão finalidade se nos tornarem melhores, nos capacitarem para a luta. Enquanto ficarmos brigando com nossa história, não daremos passos, mas continuaremos patinando na dor, nas mágoas, nas tristezas. O resultado é o mesmo de quem está atolado em areia movediça: cada vez estaremos mais enterrados.
Se queremos encontrar o sentido da vida, precisamos olhar para Deus, que jamais nos abandona e sabe, desde todo o sempre, o que nos acontecerá. Quando usamos a inteligência e nos voltamos para Deus, as nossas maiores dores ganham sentido de salvação, e nos aproximam de nós mesmos, de Deus e dos outros. Foi por isso que Jesus afirmou: Vinde a mim vós que estais cansados. Quem de nós não está cansado de alguma coisa? Se queremos alívio, não há outro que possa nos dar maior descanso. Só Deus, com sua sabedoria, poderia nos ensinar a tirar água de pedra e a atravessar os mares bravios que encontramos em nosso caminho de libertação.
Nenhuma mudança é fácil, mas é mais leve se nos apegarmos a Deus.