terça-feira, 1 de maio de 2012

O Brasil dos meus sonhos.

Eu tenho alguns sonhos a respeito do Brasil, e creio que eles são compartilhados por muitas pessoas. Por isso, resolvi escrevê-los, na expectativa de que possamos torná-los realidade.
No Brasil dos meus sonhos, a vida é respeitada em todas as suas formas, do nascer ao seu natural declínio. Por isso, desde a concepção até a morte, as pessoas são protegidas, cuidadas e amadas. As mulheres grávidas encontram médicos e acompanhamento digno para gerarem seus filhos com segurança. Os doentes e os idosos, não esperam horas nas filas para serem atendidos, e se são diagnosticados com alguma doença grave ou que precisa de tratamento urgente, não precisam esperar meses ou anos para iniciarem o tratamento ou realizarem uma cirurgia.
No Brasil dos meus sonhos, todos os políticos são honestos e direcionam para as necessidades do povo o dinheiro que se arrecada com tantos impostos. Quem se dispõe a servir o próximo através da política o faz impulsionado pela alteridade, pelos valores que desenvolveu e nutriu ao longo da vida. Os corruptos são julgados honestamente e pagam por seus crimes.
No Brasil dos meus sonhos, Educação é coisa séria. Há escolas e professores em quantidade necessária, sendo que estes recebem salário e tratamento digno. Além de campeonatos esportivos, as escolas incentivam a leitura, pois os responsáveis pela Educação entenderam que escola precisa ter biblioteca atualizada. Os pais participam das reuniões e as crianças e adolescentes recebem merenda de qualidade e material didático que os estimule a construir o conhecimento.
No Brasil dos meus sonhos, os que são de igrejas diferentes se respeitam e se tratam como irmãos, buscam o que há de comum em suas práticas e de mãos dadas ajudam a construir a cidadania. Além disso, os que crêem e os ateus se respeitam e entendem que cada um tem um jeito de olhar o mundo e a história, mas que ambos estão na mesma sociedade e por isso precisam estar juntos para exigir e construir o que é bom para todos.
No Brasil dos meus sonhos, os vizinhos se conhecem, se ajudam, sabem os nomes uns dos outros e as crianças da rua, do prédio ou do condomínio são protegidas por todos. Não há medo instalado, e precisamos de menos muros, cercas elétricas e fechaduras.
No Brasil dos meus sonhos, motoristas, pedestres, ciclistas, motociclistas, skatistas e tantos outros que usam as ruas se respeitam e cuidam para que a vida não seja posta em perigo. Andamos mais a pé, temos menos pressa e o transporte coletivo é seguro, em quantidade necessária para atender a todos.
No Brasil dos meus sonhos, os jovens aprenderam a dizer não às drogas, a valorizar a vida são felizes e fazem festa sem precisar encher a cara ou entupir o corpo de toxinas que os tiram da realidade. Os rapazes e as moças traçam metas em longo prazo e já superaram a tentação suicida de curtir a vida a todo custo, de todo jeito.
No Brasil dos meus sonhos, os ricos entenderam que os milhares de reais que gastam para sustentar caprichos como roupas, jóias e carros caríssimos, podem ser partilhados com os irmãos que passam fome e vivem à margem da sociedade. A sociedade entendeu que os pobres, as crianças e os idosos não precisam da nossa solidariedade apenas no Natal e na Páscoa, mas eles precisam da nossa compaixão, isto é, de que estejamos juntos, ajudando-os a superar a condição em que vivem para poderem viver à custa de seu próprio trabalho.
No Brasil dos meus sonhos, sonhos como estes são metas perseguidas por todos, a todo o momento. Por isso, as pessoas que lêem textos como este não ficam apenas motivadas ou resolvem compartilhar essas ideias com outras pessoas, ao contrário, avaliam a si próprias no seu aqui e agora.
No Brasil dos meus sonhos, quem lê textos como este superou a arte da crítica e já contribui efetivamente para o bem de alguém.
Em meu país, quem pensa em mudança, transforma sonhos em metas, e entende, que não se sonha só, mas se sonha junto, porque assim, o sonho deixa de ser individualidade e passa a ser construção.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Dialogar é construir pontes

 
Li esta frase pela primeira vez numa sala da Paróquia de Humaitá, quando eu participava de um grupo de jovens, na década de 80. Na época, simplesmente achava a frase bonita, hoje,  percebo que ela revela atitudes que devemos tomar para construirmos o diálogo.
Somos imediatistas, pensamos logo na ponte pronta. Mas para que se tenha uma boa ponte, é preciso construir alicerces fortes, projetar a capacidade de suportar o  trânsito que por ela fluirá. Nas relações humanas, da mesma forma, o “trânsito” de informações cresce à medida que as pessoas permitem ou necessitam entrar na vida umas das outras. Podemos considerar alicerces do diálogo, entre outros, a honestidade, o desejo de ajudar, a capacidade de ouvir sem julgar e disposição para escutar o que pode desagradar.
Como uma ponte, o diálogo deve unir, deixando ir e vir; do contrário, deixa de ser ponte. A ponte não escolhe quando as pessoas podem passar por ela. Ela está a serviço e, de vez em quando, precisa de reparos. Da mesma forma acontece com as pessoas, em algumas situações, precisam gritar para serem ouvidas. E quando gritamos com quem está perto, é porque o coração está longe, ou seja, a ponte está trincada, interditada.
O pior é quando construímos muralhas em lugar de pontes. E como as construímos? Quando não queremos parar para ouvir ou simplesmente ignoramos a pessoa que quer falar conosco. Como qualquer construção, sempre há um lado pelo qual se começa, geralmente, pelo lado mais forte. Algumas vezes é preciso limpar as cabeceiras de onde se começa a construir a ponte, pois o diálogo nem sempre é espontâneo. É preciso limpar seus preconceitos, despir-se de padrões de conduta e caminhar em direção ao outro para ouvir e falar.
Bem, para que o trânsito possa fluir rapidamente, temos de ter pontes de qualidade. Não podemos arriscar o produto fazendo o meio de transporte passar por sobre uma construção frágil. Assim deve ser o relacionamento entre pais e filhos: bem estruturado. Sabemos que nem sempre isso é possível, porque o que sustenta essa via de informação não é a confiança, mas sim a cobrança. A conversa em casa é fundamental não só porque é comum, mas, sobretudo, porque no diálogo crescemos como pessoas,  somos respeitados e respeitamos.
Dialogar é uma virtude construída diariamente. Precisamos gastar tempo, primeiro nos aproximando das pessoas, descobrindo como gostam de ser tratadas, quais são os limites que elas impõem a determinados assuntos. Enfim, é fundamental respeitar as crenças, os valores e a idade, seja de crianças ou de idosos.
Comece a construir pontes em sua vida. Se até hoje seu diálogo foi sempre inseguro, se as pessoas têm medo de conversar com você ou você não se sente bem para falar com alguém, experimente construir alicerces. Comece do lugar certo.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Nuvens

É engraçado o quanto ficamos tristes em dias nos quais nuvens cinzas cobrem o céu. Parece que adotamos uma postura de sofrimento, de derrota, quando na verdade, sabemos que as nuvens nada mais fazem do que cumprir seu papel: deixar cair sobre a terra a água de que nós, as plantas e os animais tanto precisamos. O dia de hoje, cinzento como está, é só mais um dia nublado no qual o sol está escondido. Mas ele está lá. Amanheceu, ele nos aquece mais um dia, e embora não o vejamos, sua ação nos permite ter claridade, trabalhar, visualizar as pessoas e contemplar a beleza da vida.
Da mesma forma, há momentos em nossas vidas que Deus está escondido atrás das nuvens que estão sobre nossas cabeças. Mas ele está lá. Quando oramos e nada acontece, não significa que Deus está ausente ou está parado. Ele simplesmente está em silêncio, fazendo o que sempre faz, nos aquece com o seu amor e nos permite viver mais um dia, iluminados por seu Espírito, para que aprendamos a contemplar o belo que nos cerca e compreender que, mesmo nos dias cinzentos da vida, não podemos perder a esperança, porque um dia o sol voltará a brilhar, um dia nossa alegria será reconquistada e nossos problemas ficarão para trás.

domingo, 28 de novembro de 2010

O sentido da vida

Não é raro as pessoas se perguntarem sobre o sentido da vida. Talvez hoje a pergunta esteja mais em evidência porque os meios de comunicação trazem o tema para ser discutido em entrevistas e programas de reportagem ou auditório. Há também uma grande quantidade de livros de auto ajuda que são publicados tentando responder a essa questão.
As respostas podem ser diversas, mas creio que só se encontra o sentido da vida quando se pensa na sua brevidade. Enquanto não percebermos que a vida tem fim, raramente damos à ela uma finalidade. No centro da questão estão as perguntas:
a) Para que eu existo?
b) Que diferença eu faço para o mundo?
c) Se eu morrer, que diferença isso fará?
Enquanto o ser humano não tiver um encontro verdadeiro consigo mesmo, continuará procurando justificar suas mazelas e fraquezas nos acontecimentos negativos que provocou ou dos quais foi vítima. Para compreender o real sentido da existência é necessário mergulhar na essência, naquilo que nos faz humanos. Nossas dores e dificuldades só terão finalidade se nos tornarem melhores, nos capacitarem para a luta. Enquanto ficarmos brigando com nossa história, não daremos passos, mas continuaremos patinando na dor, nas mágoas, nas tristezas. O resultado é o mesmo de quem está atolado em areia movediça: cada vez estaremos mais enterrados.
Se queremos encontrar o sentido da vida, precisamos olhar para Deus, que jamais nos abandona e sabe, desde todo o sempre, o que nos acontecerá. Quando usamos a inteligência e nos voltamos para Deus, as nossas maiores dores ganham sentido de salvação, e nos aproximam de nós mesmos, de Deus e dos outros. Foi por isso que Jesus afirmou: Vinde a mim vós que estais cansados. Quem de nós não está cansado de alguma coisa? Se queremos alívio, não há outro que possa nos dar maior descanso. Só Deus, com sua sabedoria, poderia nos ensinar a tirar água de pedra e a atravessar os mares bravios que encontramos em nosso caminho de libertação.
Nenhuma mudança é fácil, mas é mais leve se nos apegarmos a Deus.